Acessibilidade em Pauta: mais de 300 pessoas participam de debate sobre direitos da pessoa com deficiência para as Eleições 2020
Seminário foi realizado na noite desta quarta-feira (04/03), no auditório da Unicatólica, em Palmas

“O evento me surpreendeu, me senti muito acolhida. Precisamos ter cada vez mais consciência das dificuldades das pessoas com deficiência para que sejam mais ouvidas”. Esse foi a avaliação da cadeirante e acadêmica do 1º período de Direito, Emilly Dias, uma das 300 pessoas que participaram do 2º Seminário Acessibilidade em Pauta: participação política e cidadania nas Eleições 2020, realizado na noite desta quarta-feira (04/03), no auditório da Unicatólica, em Palmas.
Com um público diversificado, o seminário foi aberto pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO), desembargador Eurípedes Lamounier. Em seu discurso, o magistrado destacou que “falar em acessibilidade é falar em garantia de direitos constitucionais”. Segundo frisou, “a carta magna traz em seu artigo primeiro os fundamentos da república federativa do brasil. A cidadania e a dignidade da pessoa humana são alguns dos princípios fundamentais estabelecidos; e discutir como garantir a efetividade desses direitos é o grande desafio”.
Lamounier destacou ainda os projetos e ações desenvolvidas pela Justiça Eleitoral no Tocantins em busca da promoção da acessibilidade. “No ano passado assinamos um acordo de cooperação com a UFT para implementar medidas educativas com o fim de promover ampla acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; Já nesta semana demos início ao processo de credenciamento de tradutores de libras para atuarem no nosso tribunal e ainda assinamos um termo de cooperação com a Seduc para garantir a acessibilidade nos locais de votação que funcionam em escolas da rede estadual de ensino”, enumerou.
Palestras
Cego desde os 18 anos, o servidor do TRE – TO, Clairton Thomazzi, emocionou os presentes ao contar sua história de superação e como alcançou autonomia para viver com a deficiência visual. Thomazzi é chefe da seção de gestão de desempenho no Tribunal e durante o seminário falou sobre “Socialização, educação e trabalho: Tripé para a acessibilidade”. “Tive glaucoma e perdi a visão aos 18 anos, em um mês estava completamente cego, tive que vencer o meu luto e encarar a minha realidade. Hoje tenho autonomia para ir e vir a qualquer lugar, porém, ainda nos deparamos com situações que limitam essa possibilidade ao deficiente. Eventos como esse, servem para o nosso crescimento e, juntos, buscarmos alternativas para promover o direito de cidadania a todas as pessoas”, avaliou.
Neste sentido, durante o seminário o secretário de Tecnologia da Informação do TRE – Tocantins, Valdenir Júnior, que também é membro da comissão de acessibilidade, apresentou um diagnóstico da acessibilidade nos locais de votação e falou sobre o trabalho de pré-vistoria que vem sendo feito pelo Tribunal para que todas as pessoas com deficiência possam votar em ambientes acessíveis no dia 4 de outubro.
Ao falar sobre os direitos da pessoa com deficiência, o professor Dr. Luiz Carlos Gonçalves, procurador da República em São Paulo, explicou que o Ministério Público tem acompanhado esse tema com atenção e otimismo. Segundo ele, a situação tem evoluído e melhorado ano a ano. “ Antigamente não havia acessibilidade, hoje temos grandes avanços e nossa atuação é no sentido de assegurar o direito das pessoas. É da índole do Ministério Público ficar atento a essas questões. A pessoa com deficiência pode procurar o MP se por alguma razão ela não se sentir acolhida; é nosso papel e nosso dever brigar por ela. O TRE tem políticas muito interessantes de divulgação dos direitos. Vamos construir uma cidadania mais inclusiva”, alertou.
Durante a palestra magna, um panorama da acessibilidade na Justiça Eleitoral foi apresentado pelo coordenador da comissão de acessibilidade do Tribunal Superior Eleitoral, o juiz auxiliar da presidência do TSE, Fernando Pessôa da Silveira Mello. “É uma grande e excelente oportunidade difundir a acessibilidade do eleitor, apresentar o tema e mostrar que a inclusão de pessoas é um direito, não um favor”. Para o magistrado, quanto mais se propaga esse pensamento, mais êxito se alcançará. “Esse assunto é uma excelente iniciativa do TRE Tocantins para que as pessoas com deficiência tenham seus direitos assegurados, de forma a participar não apenas da vida política e pública, mas também no acesso a prédios que podem ser utilizados fora da Justiça Eleitoral”, disse.
Debate
Após as palestras, a palavra foi franqueada aos participantes. Um momento de interação com perguntas e respostas sobre direitos, cidadania e inclusão. O momento foi mediado pela juíza Ângela Haonat, que é coordenadora da Comissão de Acessibilidade do TRE Tocantins.
“Vejo que o evento atingiu plenamente o seu objetivo, porque de certa forma nos sinalizou que enquanto TRE do Tocantins estamos cumprindo bem nosso dever de casa. Esse é nosso segundo seminário específico de acessibilidade e tivemos a participação de acadêmicos, juízes, convidados de instituições como a Universidade Federal do Tocantins, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Executivo Municipal. Isso mostra que o assunto é uma pauta institucional para os poderes instituídos de uma forma geral. Estamos felizes em promover cada vez mais a aproximação entre a sociedade e a Justiça Eleitoral”, avaliou a juíza membro do TRE-TO.
Lília Mara – ASCOM TRE-TO