Inclusão sociopolítica dos povos indígenas proporciona resgate da etnia Ãwa
Inclusão sociopolítica dos povos indígenas proporciona resgate da etnia Ãwa

Dando continuidade ao Projeto de Inclusão Sociopolítica dos Povos Indígenas, servidores e juízes eleitorais do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) estiveram, nesta quinta-feira (5/7), na Aldeia Boto Velho, localizada na Ilha do Bananal, para levar informações sobre a importância da participação das etnias indígenas no processo eleitoral.
A ação é coordenada pelo juiz eleitoral Wellington Magalhães e conta com o apoio da Escola Judiciária Eleitoral (EJE), por meio do projeto Agentes da Democracia: Formação de políticos e eleitores do futuro.
A visita à aldeia registrou um momento histórico para o Tocantins, após anos de luta, a etnia Ãwa conquistou o resgate da sua identidade, com os nomes na certidão de nascimento, escrito na linguagem deles.
"A Justiça Eleitoral do Tocantins tem sido uma justiça de inovação, que por meio desse projeto de inclusão dos povos indígenas tem proporcionado às comunidades do Estado a conquista efetiva dos direitos de cidadania, entre os quais o resgate da sua identidade étnica e cultural. A exemplo do povo Ãwa que teve aqui nesse dia a entrega de 26 certidões de nascimento, com a devida restauração da sua identidade. Hoje nós tivemos a oportunidade de contribuir e fazer parte da história de luta e resgate desse povo dentro da cultura indígena brasileira", ressaltou o juiz eleitoral e coordenador do projeto, Wellington Magalhães.
O procurador da Funai, Lusmar Soares Filho, explicou que isso é o resultado da solicitação da Comissão Nacional da Verdade que requereu da Funai que procedesse as retificações dos nomes desse grupo, que estava quase exterminado. "Ainda no Regime Militar eles foram contactados através da Funai e foram colocados dentro de uma outra área indígena, mas que não era a área deles e eles ficaram como prisioneiros de guerra, recebendo nomes dados por outra etnia, alguns nomes eram muito constrangedores. Por isso eles reivindicavam o nome correto na linguagem Ãwa", explicou.
A indígena mais velha dos povos awã, revelou que está muito feliz, pois foram anos de sofrimento. "Hoje me orgulho de ser chama Kawkamy Ãwa", disse.
"Estou muito emocionado, pois nós lutamos bastante para a mudança dos nossos nomes. Foi também uma conquista moral, pois agora o povo Ãwa tem identidade própria, e não mais a que foi imposta por outras tribos", revelou o líder do grupo, Wapoxire Tuxi Silva Ãwa.
Representatividade
Durante a palestra sobre a importância da participação dos indígenas na política e nas decisões dos governantes, o juiz eleitoral Luis Otávio de Queiroz Fraz, destacou a importância de todas as etnias se organizarem para eleger seus representantes.
"Tenho dito nas palestras e nas visitas às comunidades que durante o processo eleitoral eles acabam se dividindo causando um prejuízo muito grande, pois tira da comunidade o poder de diálogo no Parlamento e nas Câmaras municipais", orientou o juiz.
"Isso que aconteceu é uma coisa inédita nas aldeias com as tribos indígenas, tenho certeza que é uma coisa boa, já que a Justiça Eleitoral veio aqui conversar e nos orientar, pois nós somos leigos nessa parte e isso nos prejudica muito. Então com essa vinda foi muito bom para que a gente tenha noção do que é uma eleição", destacou o cacique da Aldeia Boto Velho, Wagner Javaé.
Gabriela Almeida - ASCOM - TRE-TO